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Nutrição clínica em gastroenterologia: principais abordagens terapêuticas

nutrição em gastroenterologia

O papel principal da nutrição clínica em gastroenterologia é cuidar, tratar ou prevenir as doenças gastrointestinais.

Por meio da abordagem analítica e com o auxílio de diagnósticos fornecidos pela equipe multidisciplinar é possível traçar estratégias que resultam no alívio de sintomas e na melhora na qualidade de vida dos pacientes.

Conforme dados da Organização Mundial de Gastroenterologia (WGO), de 20% a 25% da população mundial tem algum tipo de doença gastrointestinal.  No entanto, a dificuldade de acesso a exames específicos e um bom diagnóstico dificulta a identificação desses problemas de saúde.

O nutricionista especializado em gastroenterologia consegue avaliar o estado nutricional do paciente, identificar suas necessidades dietéticas e planejar uma dieta personalizada, considerando os sintomas, intolerâncias, alergias e doenças que afetam a digestão e a absorção no trato gastrointestinal.

Principais abordagens terapêuticas da nutrição clínica em gastroenterologia

1- Restrição dietética

Trata-se da exclusão de alimentos que possam piorar ou acentuar os sintomas clínicos. Ao deixar de consumi-los por um período nota-se uma melhora nas funções do órgão lesionado, reduzindo dores e incômodos.

Um exemplo prático desta abordagem é a retirada de alimentos que contém glúten nas pessoas com intolerância à proteína do trigo ou diagnosticadas com doença celíaca.

2- Suplementação nutricional

Algumas doenças gastrointestinais reduzem a absorção de vitaminas e minerais, podendo causar deficiências graves. A suplementação nutricional é indicada sempre que for verificada a baixa dosagem de algum desses micronutrientes no paciente. 

É possível ainda suplementar com módulos de carboidratos, proteínas e gorduras (hipercalóricos), nas condições que interferem no peso do paciente.

3- Modulação da microbiota intestinal  

A modulação da microbiota é uma abordagem que pretende reduzir a quantidade de agentes, microrganismos e compostos que podem causar inflamação ou gerar toxicidade nos enterócitos e células estomacais.

Além disso, ela aumenta a população de bactérias benéficas para a saúde intestinal, reduzindo a chance de disbiose ou desequilíbrio, responsáveis por problemas como diarreia, halitose e alergias alimentares.

4- Terapia com prebióticos, probióticos e simbióticos

Esta abordagem utiliza cepas de bactérias, fibras isoladas como a inulina, pectina e beta-glucana ou produtos que reúnem os dois produtos em um só, na intenção de restaurar a saúde do intestino.

Mas não é só isso. O uso desses recursos pode prevenir doenças e controlar biomarcadores como a glicose, colesterol e triglicerídeos, que em excesso geram doenças como diabetes, placas de gordura no sangue, síndrome metabólica e obesidade.

5- Nutrição funcional 

É uma abordagem apoiada no uso de alimentos funcionais. Os alimentos funcionais são aqueles que além de suas funções nutricionais básicas oferecem benefícios adicionais à saúde como a prevenção de doenças ou aumento na expectativa de vida. Alguns exemplos são o chocolate amargo, leites fermentados, chá-verde, frutas silvestres e os vegetais verde-escuros.

6- Terapia nutricional enteral ou parenteral

Esta abordagem é usada quando a nutrição por via oral não é viável, como no pós-operatório de cirurgias ou quando a capacidade de deglutição está comprometida.

A terapia enteral usa sondas nasogástricas para levar nutrientes até o estômago, enquanto a nutrição parenteral consiste na administração de nutrientes pela via intravenosa.

7- Reintrodução alimentar

É a etapa final do tratamento de qualquer doença gastrointestinal. Após o controle dos sintomas, exclusão dos alimentos alergênicos, suplementação e tratamento farmacológico é hora de reintroduzir os alimentos, conforme a tolerância.

A reintrodução alimentar é fundamental para eliminar hipóteses de intolerâncias ou confirmar diagnósticos. Em casos de cirurgia, por exemplo, ela é primordial para normalizar as funções do sistema digestivo e impedir casos de gastroparesia e perda da mobilidade intestinal.

Benefícios da nutrição clínica em gastroenterologia

1- Alívio dos sintomas gastrointestinais 

As doenças gastrointestinais costumam vir acompanhadas de sintomas como dores, azia, diarreia, constipação, gases, vômitos e distensão abdominal. Dependendo do quadro, é preciso intervir rapidamente. O uso de alguns alimentos pode aliviar sintomas, assim como a exclusão temporária de alguns deles. 

2- Melhora da função intestinal

Uma das vantagens de selecionar os alimentos conforme a aceitação é a melhora da função intestinal. Existem muitos recursos eficazes no tratamento e restabelecimento da saúde gastroentérica como os probióticos, glutamina, enzimas digestivas, fibras solúveis, eletrólitos e etc…

3- Redução da inflamação

Muitos casos de inflamação intestinal estão associados a uma alimentação rica em gorduras saturadas e excesso de açúcar, que tem caráter inflamatório. Contudo, alternativas como os ácidos graxos de cadeia curta (ômega-3) e alguns antioxidantes como a curcumina, ácido ascórbico e tocoferol podem fazer parte da rotina de prescrição do nutricionista clínico especialista em gastroenterologia.

4- Cicatrização de lesões no trato digestivo

Úlcera, gastrite, doença inflamatória intestinal, síndrome do intestino irritável e várias outras condições podem causar lesões nos enterócitos, provocando dor, ardência e incômodo abdominal.

Alguns alimentos e suplementos usados na gastroenterologia “acalmam” essas lesões e aceleram o processo de cicatrização como a prolina, arginina ou mesmo chás terapêuticos como espinheira-santa, gengibre e hortelã-pimenta.

5- Manutenção do estado nutricional saudável

Casos que resultam em perda de peso involuntária necessitam de atenção redobrada. Uma dieta personalizada suficiente em carboidratos, proteínas e gorduras é essencial para frear a perda de peso, reduzindo as chances de desnutrição ou perda de massa muscular.

6- Prevenção de complicações associadas a doenças gastrointestinais

Quando não tratadas corretamente, as doenças gastrointestinais podem evoluir para câncer. Estima-se que o Brasil tenha 50 mil casos de câncer colorretal ou digestivo todos os anos. Dessa forma, a nutrição em gastroenterologia fortalece os tecidos e células do estômago e intestino, impedindo a multiplicação desordenada de células com a ajuda dos alimentos.

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