Vamos falar sobre especializações da nutrição? Em especial sobre a nutrição de precisão, personalizada ou eficiente, como também é denominada, que está em alta.
Isso se deve às descobertas científicas na era pós-genoma que indicam o porquê de diferentes respostas individuais ao mesmo tipo de intervenção dietética – a individualidade bioquímica.
Particularidades genéticas, epigenéticas e composição diversificada da microbiota intestinal possuem uma grande influência na resposta individual a diferentes estímulos ambientais, dentre eles a alimentação.
Venha conhecer um pouquinho mais desse universo e sua aplicação na prática clínica nos tópicos seguintes!
Especializações na nutrição: conceitos importantes
Antes de mais nada, é importante revisarmos alguns conceitos que envolvem essas especialidades: genômica nutricional e microbioma.
A genômica nutricional foca nos distúrbios relacionados à alimentação habitual e ao estilo de vida que derivam da complexa interação entre o genoma (soma do material genético de um organismo) e os fatores ambientais, tais como nutrientes e outros compostos bioativos de alimentos, toxinas e outros xenobióticos, atividade física, sono e estresse.
De forma mais ampla, a genômica nutricional abarca três diferentes partes que se referem à maneira que os nutrientes e a genética interagem entre si: nutrigenética, nutrigenômica e epigenética nutricional.
O que é nutrigenética, nutrigenômica e epigenética nutricional?
- Nutrigenética → estuda como um grupo de variações genéticas de um indivíduo altera a função – necessidades de ingestão de nutrientes, promoção de saúde e risco de desenvolvimento de doenças. Foca principalmente em polimorfismos de nucleotídeo único (SNP – single nucleotide polymorphism).
- Nutrigenômica → estuda a interação dos genes e dos fatores ambientais que resultam em uma alteração na expressão gênica, envolvendo a caracterização de todos os produtos gênicos que são afetados por nutrientes e suas consequências metabólicas. Por exemplo, estuda respostas fenotípicas (peso, pressão arterial, colesterol plasmático, níveis sanguíneos de glicose) a determinadas exposições dietéticas, seja nutrientes isolados ou padrões alimentares como a Dieta do Mediterrâneo.
- Epigenética nutricional → os processos epigenéticos permitem ou bloqueiam a expressão gênica de uma forma hereditária, mas sem alterar a sequência de nucleotídeos do DNA. A epigenética nutricional é a subdisciplina da epigenética que descreve como a alimentação e nutrição conversam com o DNA por meio de modificações químicas.
A respeito do microbioma, este pode ser definido como a totalidade dos microrganismos, suas informações genéticas e as atividades que os microrganismos exercem no meio em que interagem. Já o termo microbiota é referente a todos os microrganismos que estão presentes nos diferentes ecossistemas do organismo humano.
Cada local anatômico define uma nomenclatura diferente para a microbiota, sendo a microbiota intestinal a mais estudada no campo da nutrição. A microbiota intestinal humana é formada predominantemente por dois filos bacterianos: os Bacteroidetes e os Firmicutes.
A aplicação da genômica nutricional na prática clínica
A aplicação da genômica nutricional na prática clínica não é algo novo. Vários aspectos da nutrigenômica, por exemplo, já são incorporados à nutrição clínica por décadas, como o conhecimento de erros inatos do metabolismo e a investigação de alimentos e nutrientes envolvidos em desequilíbrios nutricionais.
Porém, esse conhecimento tem se ampliado cada vez mais, tornando-se essencial recomendações personalizadas para as singularidades genéticas dos indivíduos.
A realidade da aplicação de testes de nutrigenética já existe. Algumas empresas nacionais e internacionais fazem esse tipo de análise, permitindo a identificação de SNPs pertinentes à nutrição e risco de desenvolvimento de doenças, possibilitando condutas mais precisas na prática clínica.
Contudo, existe consenso de entidades científicas de que a utilização dessas ferramentas deve ser realizada com muita cautela, sendo fortemente recomendado que o nutricionista possua competências básicas em genética, bioquímica, biologia molecular, metabolismo e conhecimento sólido em genômica nutricional para uma interpretação mais adequada dos exames.
A composição da microbiota intestinal possui contribuição substancial para o estado de saúde-doença de um indivíduo. A presença de disbiose – um desequilíbrio na composição da microbiota intestinal e seus metabólitos – favorece o desenvolvimento de diversas patologias, principalmente as de base inflamatória.
A disbiose pode ser identificada por meio da análise clínica de sinais e sintomas associados a um exame de microbioma intestinal. Uma vez identificada, estratégias dietéticas podem ser aplicadas a fim de modular a composição da microbiota, estimulando o crescimento das bactérias benéficas ao organismo. Dentre essas estratégias destaca-se consumo aumentado de fibras alimentares, uso de prebióticos, probióticos e simbióticos.
A genômica nutricional, o estudo aprofundado da microbiota intestinal e a nutrição de precisão
Em suma, a genômica nutricional e o estudo aprofundado da microbiota intestinal são especialidades necessárias para efetivar a nutrição de precisão.
A nutrição eficiente oportuniza a prevenção, manejo e tratamento de condições adversas à saúde, promovendo saúde de forma personalizada aos indivíduos. Para sua implementação na prática clínica, é importante ressaltar três pilares:
1) pesquisa clínica e científica, especialmente ensaios clínicos randomizados de alta qualidade, para que forneçam embasamento aos profissionais de saúde;
2) especialização profissional em nutrição de precisão, eficiente e personalizada, com ênfase na educação continuada; e
3) formulação de diretrizes para o aconselhamento terapêutico, compilando recomendações práticas fundamentadas nas melhores evidências científicas disponíveis.
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